Sadhana Pada, Sutra 3.17 - śabda-artha-pratyayānām itaretara-adhyāsāt saṅkaraḥ tat-pravibhāga-saṁyamāt sarva-bhūta-ruta-jñānam
A confusão (saṅkaraḥ) entre som (śabda), objeto (artha) e ideia (pratyaya) ocorre devido à sua superposição mútua. Pela prática de saṁyama sobre a distinção entre eles, advém o conhecimento dos sons de todos os seres.
🧠 Termos essenciais:
• śabda: Som, palavra, expressão sonora.
• artha: Significado, objeto indicado pela palavra.
• pratyaya: Ideia mental associada ao som e ao significado.
• adhyāsa: Superposição, confusão mútua.
• saṅkaraḥ: Mistura, confusão.
• pravibhāga: Discriminação, distinção.
• sarva-bhūta-ruta-jñānam: Conhecimento dos sons (fala, expressões) de todos os seres.
✨ Explicação profunda:
Quando ouvimos alguém falar, o que chega a nós é:
1. Um som bruto (śabda),
2. Associado a um significado objetivo (artha),
3. Que gera uma ideia mental ou conceitual (pratyaya).
Esses três níveis frequentemente se misturam. Por exemplo, o mesmo som pode ter sentidos diferentes em idiomas distintos, ou variar com o tom emocional. Patañjali afirma que:
Ao realizar saṁyama sobre a distinção entre som, significado e ideia, o yogin é capaz de compreender diretamente a intenção por trás de qualquer forma de expressão — inclusive de animais ou seres sutis.
🔎 Como isso funciona?
• A prática de saṁyama sobre os sons e sua estrutura permite ao praticante:
◦ Dissociar o som da linguagem cultural que o molda.
◦ Penetrar no sentido puro por trás do que é dito.
◦ Captar as intenções do ser que fala, mesmo quando não compreende o idioma.
🧘♂️ Siddhi resultante:
O resultado dessa prática é chamado aqui de sarva-bhūta-ruta-jñānam — “o conhecimento dos sons emitidos por todos os seres”.
Ou seja: entendimento direto da comunicação de todos os seres vivos, mesmo sem linguagem convencional.
🪔 Em resumo:
Quando o yogin pratica saṁyama sobre a diferença entre som, significado e ideia mental, ele supera a confusão comum da linguagem e desenvolve a capacidade de compreender diretamente a comunicação de todos os seres.
Esse é um poder de discernimento profundo, que dissolve a barreira do idioma e até da espécie.
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