Sadhana Pada, Sutra 2.40 - Śaucāt svāṅga-jugupsā parair asanāśhrayāt
A purificação (śauca) leva à aversão ao corpo, aos atos impuros e ao apego às coisas externas.
Tradução literal:
“Com a pureza (śauca), surge o desprezo pelo próprio corpo e o afastamento do contato com os corpos dos outros.”
🔍 Termos principais:
• śauca – pureza, tanto física quanto mental;
• svāṅga – o próprio corpo (os próprios membros);
• jugupsā – aversão, desprezo, desinteresse;
• paraiḥ – pelos outros;
• asaṅgaḥ – desapego, não envolvimento, afastamento.
Este sutra ensina que a prática firme da pureza — tanto externa (limpeza do corpo, ambiente, hábitos) quanto interna (pensamentos, emoções, intenções) — leva naturalmente a dois resultados:
1. Jugupsā pelo próprio corpo:
O praticante percebe com clareza que o corpo é impermanente, sujeito a impurezas, doenças, envelhecimento e morte.
Ele deixa de se identificar com ele como sendo “o eu”. Não se trata de repulsa negativa, mas de desapego objetivo.
2. Desapego dos corpos dos outros:
Isso implica desvinculação do apego sensual e emocional excessivo, especialmente com relação à atração física e ao desejo sexual. Surge uma neutralidade serena, uma liberdade da compulsão pelos sentidos.
✨ Importância no caminho do yoga:
• Esse afastamento não é misantropia ou negação do corpo, mas sim discernimento profundo.
• O yogi começa a valorizar o corpo como um instrumento útil, mas não como fonte de identidade ou prazer permanente.
• Esse tipo de desapego ajuda a preservar a energia vital e mental para práticas mais elevadas, como meditação e samādhi.
🧘 Aplicação prática:
Śauca envolve:
• Banhos regulares, higiene pessoal;
• Alimentação pura e leve;
• Ambiente limpo e organizado;
• Pensamentos e emoções observados e purificados;
• Fala limpa, sem falsidade ou malícia;
• Evitar a exposição a conteúdos degradantes.
Essas práticas cultivam clareza, simplicidade, leveza e disciplina, que favorecem a interiorização e o despertar da consciência.
📚 Comentário de Vyāsa:
Vyāsa observa que, ao perceber a verdadeira natureza do corpo (composto de elementos grosseiros e impuros), o yogi perde o fascínio por ele. E, ao manter essa visão com constância, ele se afasta espontaneamente dos apegos físicos e sensuais, alcançando uma liberdade rara.
🪔 Em resumo:
A pureza leva ao desapego do corpo e à libertação da compulsão pelos sentidos,
preparando o yogi para estados mais elevados de consciência.
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