Sadhana Pada, Sutra 2.42 - santoṣād anuttamaḥ sukha-lābhaḥ
Com contentamento, obtém-se felicidade suprema.
Tradução literal:
“Do contentamento (santoṣa) advém a obtenção da suprema felicidade (anuttamaḥ sukha-lābhaḥ).”
🔍 Termos principais:
• santoṣa – contentamento, satisfação interior, aceitação serena;
• anuttamaḥ – supremo, incomparável, que não pode ser superado;
• sukha – felicidade, bem-aventurança;
• lābhaḥ – obtenção, conquista.
Patañjali ensina que a prática de santoṣa — o cultivo da satisfação com aquilo que se tem, com o momento presente e com o próprio esforço — conduz à suprema felicidade, aquela que não depende de circunstâncias externas.
O que é santoṣa?
• Não é conformismo passivo, mas sim um estado de aceitação lúcida e ativa;
• É reconhecer que a paz e a alegria já estão disponíveis quando a mente para de buscar compulsivamente algo “a mais”;
• É o oposto da agitação causada pelo desejo insaciável (trṣṇā).
✨ Por que isso leva à “suprema felicidade”?
Porque ao praticar santoṣa:
• A mente se torna tranquila e sem cobiça;
• O coração se abre à gratidão e à presença plena;
• Desaparece o ciclo de frustração gerado pela comparação, competição ou desejo;
• O yogi descobre um tipo de alegria independente das posses, conquistas ou status.
Essa paz interior é chamada por Patañjali de anuttamaḥ sukha — uma felicidade incomparável, que surge naturalmente de um coração em paz.
🧘 Aplicação prática:
• Valorizar o que se tem hoje, sem estagnação nem exigência constante;
• Agradecer, mesmo diante de desafios, por tudo o que ensina;
• Reduzir o consumismo interior — “não preciso de mais nada para estar em paz agora”;
• Usar o contentamento como base para ação sábia, e não como desculpa para inércia.
📚 Comentário de Vyāsa:
Vyāsa afirma que o sukha obtido por santoṣa é suave, profundo e permanente, diferente dos prazeres dos sentidos, que são passageiros. Ele reforça que essa alegria é um pré-requisito para meditação estável e para o avanço espiritual.
🪔 Em resumo:
Quando o coração se satisfaz com o que é, a mente repousa e
a felicidade verdadeira se revela, sem esforço.
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