Sadhana Pada, Sutra 2.45 - Samādhi-siddhir īśvarapraṇidhānāt

A entrega a Deus conduz ao samādhi.

Tradução literal:
“A perfeição do samādhi vem da entrega a Īśvara.”

🔍 Termos principais:
• īśvara – o Senhor, a Consciência suprema, princípio divino (pessoal ou impessoal);
• praṇidhāna – entrega, dedicação, submissão amorosa, confiança profunda;
• samādhi – absorção meditativa, estado em que a mente se dissolve no objeto da meditação;
• siddhiḥ – realização, perfeição, conquista.

Este sutra ensina que, por meio da entrega total à vontade do divino (īśvara-praṇidhāna), o praticante atinge samādhi, o estado mais elevado da meditação e da absorção espiritual. Patañjali já havia mencionado essa prática antes:

• No Sutra 1.23, ele afirma: īśvara-praṇidhānād vā – “Ou, pela entrega a Īśvara [vem a estabilização da mente]”.
Agora, ele reforça que essa entrega é uma via direta para o mais alto estado contemplativo.

🙏 O que é īśvara-praṇidhāna?
• Não é submissão cega, mas sim uma rendição inteligente e confiante à presença suprema que guia o universo;
• É cultivar a atitude de: “Eu faço o melhor que posso, mas aceito com humildade os frutos das ações como vindos de algo maior.”
• Inclui práticas como:
◦ Oferenda das ações a Īśvara;
◦ Meditação na presença divina;
◦ Recolhimento interior com fé e devoção;
◦ Superação do ego através da humildade espiritual.

✨ Por que isso conduz a samādhi?
Porque quando o ego se rende:
• A mente se aquieta profundamente;
• Desaparece o desejo de controle e o medo do fracasso;
• A devoção dissolve as distrações mentais, e o yogi se torna transparente à presença do divino;
• O coração, livre de orgulho e resistência, se funde com o objeto supremo da meditação — e isso é o samādhi.

📚 Comentário de Vyāsa:
Vyāsa explica que īśvara-praṇidhāna dissolve o karma passado, enfraquece as aflições e torna a mente apta ao recolhimento total. Ele o considera um meio poderoso e direto para alcançar samādhi — especialmente adequado para yogis com inclinação devocional (bhakta-yogis).

🧘 Aplicação prática:
• Meditar diariamente com devoção ou recitação de mantras;
• Oferecer o fruto das ações (karma) a uma intenção superior;
• Praticar com humildade, aceitando limites e entregando o esforço a algo maior;
• Lembrar constantemente que o yoga é uma jornada de reconexão com o divino que habita em nós.

🪔 Em resumo:
A perfeição do samādhi não vem apenas de esforço técnico, mas da entrega profunda ao Ser supremo. Com isso, Patañjali conclui os cinco niyamas do yoga:
1. Śauca – pureza
2. Santoṣa – contentamento
3. Tapas – disciplina ardente
4. Svādhyāya – estudo e recitação
5. Īśvara-praṇidhāna – entrega ao Senhor

Entramos agora na próxima etapa do Aṣṭāṅga Yoga (o caminho óctuplo), que é o āsana, ou seja, a postura – o terceiro dos oito membros do Yoga descritos por Patañjali. 
Vamos lá!

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