Sadhana Pada, Sutra 3.14 - śānta-udita-avyapadeśya-dharmānupati dharmī

O substrato (dharmī) acompanha as qualidades (dharma) que são tranquilas (śānta), manifestas (udita), e ainda não manifestas (avyapadeśya).

🔍 Tradução interpretativa:
“O suporte de todas as coisas (dharmī) é aquilo que persiste por trás das transformações — sejam elas passadas (tranquilas), presentes (manifestas) ou futuras (não manifestas).”

🧠 Termos essenciais:
• dharmī: O portador ou suporte das qualidades; a substância ou base que permanece enquanto suas manifestações mudam.
• dharma: Aqui, são as qualidades, características ou atributos que sofrem transformação.
• śānta: Tranquila, cessada — uma qualidade que existiu no passado e agora não está mais ativa.
• udita: Manifestada — uma qualidade ativa no momento presente.
• avyapadeśya: Ainda não manifestada — uma qualidade latente, que poderá surgir no futuro.
• anupati: Acompanhar, sustentar, seguir junto.

✨ Significado profundo:
Este sutra ensina que por trás de todas as transformações existe uma base estável — o “dharmī”, ou seja, o suporte das qualidades. Ele permanece constante, enquanto as qualidades (dharma) surgem, desaparecem ou ficam latentes.

🔁 1. Três tempos das qualidades:
• śānta (passada): Uma característica que já cessou (ex: uma flor que já murchou).
• udita (presente): Uma qualidade visivelmente ativa agora (ex: uma mente agitada no momento).
• avyapadeśya (futura/latente): Uma tendência que ainda não se manifestou, mas está presente como potencial (ex: a possibilidade de raiva num estado de calma).

O dharmī, por sua vez, é o campo ou base que carrega todos esses estados — a mente, por exemplo, é o dharmī que carrega as flutuações emocionais e mentais.

🔎 Exemplos para clareza:
🧠 Na mente:
• A mente (dharmī) permanece enquanto pensamentos de alegria (udita), tristeza (śānta) ou medo (avyapadeśya) surgem e desaparecem.

🔥 Na natureza (prakṛti):
• O fogo (dharmī) pode estar apagado (śānta), aceso (udita) ou como potencial dentro de uma pedra (avyapadeśya).

🧘‍♀️ Aplicação para o yogin:
Este ensinamento leva à compreensão sutil do tempo e da realidade. O yogin aprende a:
• Distinguir entre aquilo que muda (dharma) e aquilo que sustenta a mudança (dharmī).
• Observar os estados mentais sem se identificar com eles, reconhecendo que existe algo mais profundo e estável por trás da agitação mental.
• Gradualmente, isso prepara o praticante para reconhecer o puruṣa, o verdadeiro observador, que é imutável — diferente até mesmo do dharmī da natureza (prakṛti).

🪔 Em resumo:
O sutra 3.14 ensina que todas as qualidades manifestadas — passadas, presentes ou futuras — repousam sobre um substrato estável. O verdadeiro yogin aprende a observar essas transformações e a reconhecer a permanência por trás da mudança.

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