Sadhana Pada, Sutra 3.13 - etena bhūta-indriyeṣu dharma-lakṣaṇa-avasthā-pariṇāmā vyākhyātāḥ

Por meio disso (etena), explicam-se as transformações (pariṇāma) dos elementos (bhūta) e dos órgãos dos sentidos (indriya) em termos de suas características essenciais (dharma), propriedades marcadoras (lakṣaṇa), e estados (avasthā)

🧠 Termos explicados:
• etena: Por meio do que foi explicado anteriormente (ou seja, os pariṇāmas da mente).
• bhūta: Os cinco elementos (terra, água, fogo, ar, éter).
• indriyeṣu: Os órgãos dos sentidos (visão, audição, tato, etc.).
• dharma: A característica ou qualidade essencial de uma coisa.
• lakṣaṇa: O sinal ou marca que indica mudança — como o movimento do tempo.
• avasthā: O estado ou condição momentânea de algo.
• pariṇāma: Transformação ou modificação.

✨ Explicação profunda:
Neste sutra, Patañjali expande o princípio da transformação (pariṇāma) além da mente. Ele afirma que todas as coisas na natureza — inclusive os elementos e os sentidos — também estão sujeitos a transformações constantes, que podem ser compreendidas através dos três aspectos:

1. Dharma-pariṇāma – Transformação da natureza essencial É a mudança nas qualidades intrínsecas de algo. Por exemplo, a terra pode mudar de sólida para desintegrada, ou o fogo de calor brando para destrutivo. Aplicado ao yogin: a essência da mente muda da agitação para a serenidade.

2. Lakṣaṇa-pariṇāma – Transformação dos sinais ou marcas É a mudança perceptível ou medida no tempo — o modo como identificamos que algo mudou. Por exemplo, a rugosidade da pele indica envelhecimento, o pôr do sol indica mudança de luz. No caminho do Yoga, isso é visto nos sinais externos da prática: maior foco, menos reatividade, paz interior.

3. Avasthā-pariṇāma – Transformação de estado Refere-se à mudança de condição momentânea. Como um lago que está calmo pela manhã e agitado à tarde — a substância (água) é a mesma, mas o estado muda.

A mente também passa por avasthās:
concentração, dúvida, êxtase, tédio — todos são estados transitórios.

🌐 Aplicação universal:
O que este sutra estabelece é que o mesmo princípio de transformação da mente rumo ao samādhi (descrito nos sutras 3.10–3.12) também governa o funcionamento de toda a prakṛti (natureza) — tudo no mundo manifestado está em constante mudança.

Para o yogin, compreender essas transformações não é apenas um conhecimento filosófico — é um poder prático (siddhi). Ao entender as mudanças nos dharmas, lakṣaṇas e avasthās, o praticante desenvolve capacidades sutis de percepção e domínio sobre o corpo, os sentidos e até os elementos.

🪔 Em resumo:
O Sutra 3.13 mostra que toda a realidade — seja interna (mente) ou externa (natureza) — está em constante transformação. Ao compreender essas mudanças em seus três níveis (essência, sinal e estado), o yogin compreende os processos sutis do universo e de si mesmo. 

voltar
próximo
Vibhuti Pada

Me conta aqui

O que você achou desse sutra? 


Mensagem enviada!

Sua mensagem foi enviada com sucesso.