Samadhi Pada, Sutra 1.16 - Tat paraṁ puruṣa-khyāter guṇa-vaitṛṣṇyam
O desapego supremo (paraṁ vairāgya) surge quando há percepção do Ser (puruṣa) e cessação do desejo pelos atributos da natureza (guṇas).
Explicação:
• "Tat paraṁ" – Esse é o desapego supremo.
• "Puruṣa-khyāteḥ" – Ocorre quando há conhecimento direto do Puruṣa (o Ser, a Consciência pura).
• "Guṇa-vaitṛṣṇyam" – Total ausência de desejo pelos guṇas (os três princípios que governam a matéria: sattva, rajas e tamas).
Aqui, Patañjali ensina que existe um desapego ainda mais profundo do que simplesmente deixar de desejar objetos materiais ou prazeres mundanos.
Esse desapego supremo surge quando a pessoa percebe a sua verdadeira natureza (Puruṣa), que é eterna e além do mundo material.
Significado mais profundo:
Nos estágios iniciais do vairāgya, aprendemos a nos desapegar das distrações sensoriais e do desejo por recompensas externas.
Mas no nível supremo (paraṁ vairāgya), há um desapego até mesmo da própria identificação com a matéria e da necessidade de experiências sensoriais ou emocionais.
Isso acontece quando o praticante alcança uma compreensão profunda de que ele não é o corpo, nem a mente, mas sim a Consciência pura (Puruṣa).
Nesse estágio:
✅ Não há mais busca por prazer ou aversão à dor.
✅ A pessoa não é mais influenciada pelos guṇas (a atividade de rajas, a inércia de tamas ou até mesmo a harmonia de sattva).
✅ O estado de paz interior se torna inabalável.
Esse nível de desapego é característico dos seres iluminados, que vivem no mundo, mas não são afetados por ele.
Conclusão e próximos passos
Com este sutra, Patañjali encerra sua explicação sobre os dois pilares do Yoga:
1. Prática constante (abhyāsa) – O esforço contínuo para estabilizar a mente.
2. Desapego (vairāgya) – A libertação do desejo e da identificação com o mundo material.
Nos próximos sutras, ele começará a falar sobre os diferentes estágios da concentração e meditação (samādhi).
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